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Boas dicas, estas sobre a ferramente sci-hub. Também a referência a Paulo Freire me agradou. Ciẽncia emancipadora? Sobre isso podemos/devemos continuar discutindo. Sem percebermos, mesmo nos esforçando em sermos críticos e emancipadores, podemos nos flagrar constantemente como agentes de difusão de moldes de pensamento criados pelo opressor em benefício próprio. Exemplos desse tipo se pode encontrar no texto acima como em qualquer outro texto - não conseguimos nos emancipar do sistema que nos socializou, mas não há outra solução que o esforço e a interação nesta busca coletiva.

Exemplos do texto acima que podem ser vistos como reprodução anti-emancipadora:
1. Quem diabos categorizou o mundo em centro e periferia? Se fossemos explicitar esta terminologia do opressor, poderíamos dizer CENTRO OPRESSOR e PERIFERIA OPRIMIDA ou METROPOL COLONIAL e COLONIAS. Não devemos assumir a terminologia dos que se consideram o "centro do mundo" ou "primeiro mundo" - tentativas 'policamente corretas' para os que ocntinuam alimentando o famigerado SENTIMENTO DE SUPERIORIDADE.

2. Numa passagem, o texto apresenta o uso da palavra "americano" com o significado "estadunidense", adotando o termo que simboliza a ideologia da doutrina Monroe, para quem toda a America pertence aos Estados Unidos, desde o Polo Norte ao Polo Sul, e isso "por superioridade racial". Não devemos nos curvar e usar o termo "americano" com a nova resignificação feita por tal grupo, devemos evitá-lo e rejeitá-lo na construção emancipadora.

3. Alguma crítica à Ciência como está implementada hoje foi percebida no texto. Uma educação emancipadora deve aprofundar a discussão sobre que tipo de Ciência um mundo melhor necessita. A Ciência atual nada mais é que um molde colonialista. As universidades mais parecem centros de manipulação de informações e serviços para mediar entre uma oligarquia mundial que impera há séculos contra a base popular a ela submetida, mastigando os conhecimentos para que a carga seja aceita com menos resistência pela população. A Ciência colonialista tem em sua área o mesmo papel mediador que os meios jornalísticos tem em sua área mediática do cotidiano? Que projetos são financiados nas universidades e quais não? Por que as faculades de agronomia passaram décadas decorando fórmulas de aplicação de venenos produzidos pelas corporações colonialistas ao invés de se dedicarem ao estudo local e regional do potencial natural na lida agrícola? O mesmo vale para as demais áreas! Rapidamente vemos que a universidade recruta indivíduos da população para consolidar o colonialismo imperante há séculos, não para emancipar o povo dessa carga opressora. Os métodos e teorias que nossos professores usam são quase em sua totalidade adotados religiosamente dos centros colonialistas, e defendidos a ferro e fogo, chegando a tal ponto de obrigar os estudantes a aprenderem o inglẽs - língua do colonialismo triunfante - como sendo "a lingua da ciência", ignorando que com isso impôe uma espécie de censura global contra todos os conhecimentos codificados nas tantas línguas dos povos que ainda conseguiram resistir à imposição cultural linguística.

4. Um exemplo bem fresco de como aparece no texto um termo recém-criado no norte para atualizar de forma 'politicamente correta' seu repertório opressor é o do "sul global". Não bastasse o ridículo desse termo, nele podemos fixar o cerne do que eu estou querendo dezer neste comentário: tanto no colonialismo oficial quanto no inoficial - que seus mediadores nos diferentes níveis da vida denominam hipócritamente de "democracia" ou "pós-colonialismo" - existe uma atualização constante de termos, criados e difundidos apartir dos centros opressores, tendo a universidade (com seu prestígio científico) e os meios de comunicação o papel de implementação dos mesmo no discurso. Assim se forja moldes de pensamento/comportamento, assim se arquiteta cultura. Socializados nesta cultura, percebendo ou não, vivemos e atuamos muitas vezes como hipócritas e consolidadores dos interesses do opressor, quando nossa vontade e nossa tarefa urgente seria o da emancipação popular.

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