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Niterói-RJ: Alunos do CIEP 449 (Brasil-França) protestam contra o sucateamento da educação pública

Março 15, 2016 - 00:00
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Nesta terça-feira, 15 de março, estudantes do CIEP 449: Leonel Brizola (Brasil-França), localizando em Charitas, Niterói, saíram em protesto pelas avenidas de São Francisco e Icaraí, fechando parte das ruas e chamando atenção com cartazes e músicas.

O colégio Brasil-França, como é comumente conhecido, faz parte do programa do governo do estado chamado dupla escola que promove o intercâmbio cultural entre países. Há poucos metros do Brasil-França está também localizado o Colégio Estadual Matemático Joaquim Gomes de Sousa, conhecido como Brasil-China, que segue o mesmo modelo.

No Brasil-França, todos os professores conhecem a língua francesa e os alunos se aprofundam no idioma. Cada escola do programa se especializa em uma área do conhecimento humano: o Brasil-França se especializa nas ciências biológicas e o Brasil-China nas ciências matemáticas. Além dessas, existem outras escolas do programa em outros municípios do estado e projetos de novas outras, cada uma com seu idioma e especialidade.

O programa dupla escola recebe patrocínios de empresas e outros países, oferecendo um ensino diferenciado. Em comparação com outros colégios da rede estadual, a realidade é muito mais confortável, pois o repasse de verbas é maior, os professores possuem mais tempo de aulas e acabam tendo uma melhor estrutura e qualidade para o ensino, no entanto sofrem com a mesma desvalorização salarial, como qualquer professor do estado.

Contudo, a condição da escola está longe de ser a aceitável pelos alunos e professores. Apesar do Brasil-França ter por especialidade a biologia, os alunos reclamaram que estão sem aulas de biologia há seis meses e os alunos do terceiro ano estão preocupados com o impacto disso no ENEM e vestibular.

Sofrem também com a falta de material didático e para o seguimento das aulas, como livros, canetas para os professores, cartolinas e mesmo papel. A merenda escolar não é suficiente e pouco balanceada, além da falta de variação. Tal escassez ocorre diariamente, exceto em períodos de visitas dos patrocinadores da escola:

“Eles tentam sempre manter a aparência. No dia que vem o consulado [ou os patrocinadores], aí eles dão blusas” (aluno do Brasil-França) “O almoço muda no dia em que vem gente do consulado e da SEEDUC, tem mais variedade” / “mais colorido” (alunas do Brasil-França)

Problemas com o cartão RioCard e com o uniforme se repetem, como nos outros colégios estaduais. O estado fornece apenas 60 passagens por mês pelo RioCard, podendo utilizar apenas 5 passagens por dia, uma quantidade bastante insuficiente para os alunos que precisa pegar duas ou mais conduções para chegarem a escola. Com essa quantidade, o RioCard supre apenas metade das passagens mensais do aluno, não respeitando o direito ao passe livre estudantil. Além disso, nem todos os transportes são aceitos, ônibus intermunicipais, por exemplo, não são contemplados.

Alunos denunciaram que a direção do colégio não demonstrou apoio a iniciativa de lutar por melhores condições de ensino e os têm ameaçados de levarem faltas em período de greve. Recentemente foi enviado um e-mail para os pais dos alunos com o objetivo de que esses impedissem seus filhos de irem ao protesto do dia de hoje. Alguns pais responderam ao e-mail demonstrando apoio à greve e à mobilização estudantil e quase 100 alunos compareceram ao ato.

Leia mais sobre a luta dos estudantes secundaristas do estado do Rio de Janeiro

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